05 _Fatores de risco de suicídio
A nossa investigação identificou uma série de fatores-chave de risco de suicídio, sobretudo para pessoas autistas.
PERDA RECENTE OU MUDANÇAS
Fim de uma relação
Perda de emprego
Perda de dinheiro
Deterioração da saúde/diagnóstico
Boa reputação (em jogo)
Potenciais consequências negativas ao revelar-se autista perante outros
Potenciais experiências negativas ao assumir-se como LGBTIQA+ (perda de relações familiares)
EMOÇÕES INTENSAS
Vergonha, culpa, humilhação, desgraça (por exemplo, ser descoberto por ter feito algo culturalmente inadequado)
Desespero
Falta de valor
As pessoas autistas podem sentir com alguma frequência que são um fardo para os outros e que o impacto que têm nos outros se sobrepõe ao seu valor, o que pode levar à ideação suicida.
Raiva
Sentir-se encurralado
Medo de perder tudo se assumir o seu verdadeiro eu (ou seja, assumir-se como LGBTIQA+ e perder a sua comunidade, ou manter-se “escondido” e não a perder)
SAÚDE MENTAL
Um diagnóstico de doença mental: depressão, POC, bipolaridade, esquizofrenia, stress pós-traumático e personalidade borderline, são algumas das perturbações associadas a um maior risco de suicídio.
Neurodivergência: Espectro Autista (9 vezes mais probabilidades de suicídio do que as pessoas não autistas), PHDA, deficiência intelectual.
A principal causa do aumento do risco associado à neurodivergência deve-se à falta de compreensão, advocacia e apoio ao indivíduo no seio da família, na escola, nas consultas médicas, na comunidade e/ou no local de trabalho.
HISTORIAL
Trauma
Tentativas anteriores de suicídio ou automutilação
Membro da família que morreu por suicídio
Impulsividade/autocontrolo limitado
SITUACIONAL
Assédio
Discriminação ou rejeição
Dor crónica
Doença
Consumo de substâncias
Recente alta de um internamento psiquiátrico
Vítima ou sobrevivente de violência doméstica
Desempregado
Isolado
As pessoas autistas têm frequentemente mais dificuldade em fazer e manter amizades, do que os seus pares neurotípicos, e podem ter uma sensação mais forte de isolamento. Podem interpretar a sua falta de amizades como uma falha pessoal, o que pode levar à ideação suicida.
Viver sozinho
Bullying
O bullying é um fator de risco particularmente importante no caso das pessoas autistas. As pessoas autistas têm uma muito maior probabilidade de serem vítimas de bullying do que os seus pares neurotípicos, e o bullying contribui significativamente para a ideação suicida. No caso de uma pessoa autista, se isso não for visível ou conhecido, é importante perguntar-lhe se sofre de bullying (na escola, no trabalho, na universidade, etc.).
Se for um adulto, pergunte algo do género: “ Alguém no teu trabalho/união/grupo social faz ou diz alguma coisa que te faz sentir desconfortável, assustado, triste?”
Se for uma criança, pergunte algo do género: “ Alguém é mau para ti na escola?”
Se a resposta for afirmativa, siga os passos seguintes da ferramenta.
Assédio
Discriminação ou rejeição
As pessoas da comunidade LGBTIQA+ podem experienciar discriminação até 60 vezes por dia, por exemplo, serem tratadas injustamente no trabalho, serem rejeitadas pela família, sentirem-se indesejadas ou como alguém de fora, lidarem com várias microagressões diárias.
Dor crónica
Doença
Consumo de substâncias
Recente alta de um internamento psiquiátrico
Perda de aceitação por parte da família/ligação familiar.
IDENTIDADE
Homens (embora a taxa de suicídio nas mulheres esteja a aumentar)
Note-se que, no autismo, o rácio entre mulheres e homens é mais proporcional do que na população em geral. Isto significa que ser do sexo feminino pode ser um fator de risco de suicídio mais importante para as pessoas autistas do que para as pessoas não autistas.
Orientação LGBTIQA+. Não por causa da sua identidade, mas por causa da discriminação.
Identidade sistergirl [à letra, irmã-menina] ou brotherboy [à letra, irmão-menino]
• Sistergirl é um termo utilizado para descrever pessoas aborígenes e das Ilhas do Estreito de Torres que, à nascença, foram identificadas como sendo do sexo masculino, mas que têm um espírito feminino e assumem papéis femininos na sua comunidade.
• Brotherboy é um termo utilizado para descrever os aborígenes e as pessoas das Ilhas do Estreito de Torres que, à nascença, foram identificadas como sendo do sexo feminino, mas que têm um espírito masculino e assumem papéis masculinos na sua comunidade.
• É evidente a falta de inclusão das pessoas LGBTIQA+ indígenas nas estratégias de prevenção do suicídio.
• Os profissionais de saúde que trabalham com pessoas LGBTIQA+ aborígenes e das Ilhas do Estreito de Torres, dispõem de pouca informação.
• Sistergirls e brotherboys enfrentam múltiplas desigualdades estruturais que afetam o seu acesso a cuidados de saúde mental.
• Regista-se um acréscimo dos casos de suicídio, de agressões graves, de falta de alojamento, de exclusão e de sofrimento psicológico no seio do grupo de sistergirls e brotherboys
• A construção de uma comunidade é importante e é possível encontrar apoio online aqui: www.facebook.com/groups/sistergirls.brotherboys.
• Para obter mais apoio, consulte a secção 'Onde obter mais ajuda'.
Questionar o género, não se sentir enquadrado em nenhum género
Contexto dos aborígenes ou das Ilhas do Estreito de Torres (traumas, marginalização e exclusão social, privação de poder, luto, perda, racismo)
Migrantes, refugiados, requerentes de asilo (apoio social limitado, trauma, luto, perda, racismo, barreiras culturais e linguísticas)
O autista/a pessoa que se identifica como estando no espectro do autismo (sente-se diferente e com um sentimento de não-pertença)
AUSÊNCIA DE FATORES DE PROTEÇÃO
Razões para viver
Boas competências de sobrevivência (coping)
Objeções morais ao suicídio
Bom apoio social
Emprego
Ou outras oportunidades para contribuir e sentir-se valorizado
Falta de acesso a apoio terapêutico por parte de pessoas com o mesmo neurotipo
Medicação
Boa saúde física
Boa saúde mental
Elevada autoestima
Filiação religiosa/espiritual
Sentido de responsabilidade para com a família
Elevada auto-eficácia
Boas competências sociais e de comunicação
Boas competências de resolução de problemas
Relações saudáveis
Crianças que vivem em casa
Boa tolerância à frustração e à angústia
Esperança
Flexibilidade cognitiva
Perceção de um sentido
Perceção de um propósito
Elevada satisfação com a vida
Sentir-se seguro
Fortes ligações e vínculos familiares
- Apoio e advocacia
- Bons líderes/modelos/ representatividade autista ( conduz a uma auto-identidade positiva)
- Aliados solidários
- Sentir-se incluído e aceite
FATORES DE RISCO A QUE SE DEVE ESTAR MAIS ATENTO SE A PESSOA É AUTISTA
Sentir-se um fardo para os outros: a nível financeiro, emocional e na vida prática
Exaustão e frustração por esconderem ou dissimularem as suas características autistas (camuflagem/mascaramento)
Sentimento de não estar a fazer tudo “como deve ser"
Feminino
Não-binário
Modelo médico/tradicional desatualizado do autismo
Percepções públicas desatualizadas do autismo
Isolamento de pares
Angústia devido a alterações na rotina ou falta de previsibilidade
Burnout devido aos estudos, trabalho, família ou compromissos sociais
Falta de compreensão por parte dos outros dos sinais precoces de um meltdown] e de como reagir a ele
Bullying
Isolamento
Apoio e advocacia limitados
Acesso limitado a profissionais de saúde mental com experiência em autismo ou que trabalhem com pessoas autistas
Sentir que “nada ajuda”
Perfecionismo elevado e dificuldade em atingir os seus próprios padrões elevados
Desesperança em relação a qualquer melhoria para si ou para o seu futuro
Sentir pressão (exigências) dos outros para se comportar ou atuar de forma diferente ou para além das suas capacidades:
Por exemplo, envolver-se mais com as outras pessoas, nos eventos sociais
Por exemplo, participar em mais eventos sociais
Sentir que os outros não o compreendem ou não compreendem as suas necessidades
Sentir-se sozinho/solitário e desligado dos outros
Falta de um sentimento de pertença
Alexitimia: dificuldade em sentir emoções (sensações corporais), identificar emoções (nomear e reconhecer) e expressar emoções (descrever e comunicar sentimentos aos outros).
Se alguém autista que conhece parecer impávido ou imperturbável perante algo que causaria angústia a qualquer outra pessoa, pergunte-lhe como está a lidar com a situação. Peça-lhe para desenhar ou escrever o que está a sentir. O facto de não o mostrarem, descreverem ou nomearem não significa que não o sintam ou que isso não os afete. Não presuma que estão bem se ainda não revelaram os seus sentimentos.
Se parecerem mais retraídos ou reservados do que o habitual, é possível que estejam a sentir algo, sem que façam ideia do que é ou de como o expressar.
FATORES DE RISCO A QUE SE DEVE ESTAR MAIS ATENTO SE A PESSOA SE IDENTIFICAR COMO LGBTIQA+
Pais e família que não os validam
Pais e família que não aceitam
Sem-abrigo (expulso de casa)
Assédio
Discriminação
Agressão física
Agressão sexual
Microagressões (por exemplo, “Estás tão bonita para uma rapariga trans”, “Qual era o teu nome antes”?)
Exaustão por se misturar com uma comunidade que não é inclusiva em relação à comunidade LGBTIQA+, e onde está constantemente a corrigir as suposições e afirmações das pessoas
Pais queer que têm de lidar com escolas, pais, e outras crianças que intimidam os seus filhos por terem pais queer