01 _Sobre
Por que razão é esta ferramenta importante?
Esta ferramenta foi desenvolvida por um grupo entusiasta de investigadores, e tem como objetivo equipar melhor a comunidade para a deteção e resposta ao risco de suicídio em outras pessoas.
Alguns factos:
Quase 800.000 pessoas morrem por suicídio no Mundo, todos os anos, o que corresponde aproximadamente a 1 morte por suicídio a cada 40 segundos.
O suicídio é a segunda causa de morte entre os jovens (15-34 anos) em todo o Mundo.
Em Portugal suicidam-se pelo menos 3 pessoas por dia.
Vários estudos indicam que o número de tentativas de suicídio é cerca de 25 vezes superior ao número de suicídios.
Estima-se que em Portugal — como no Mundo — as mortes por suicídio possam ser ainda em maior número, uma vez que o seu registo nem sempre é feito devidamente.
Grupos de risco:
Existem grupos de risco, em que a taxa de suicídio é particularmente elevada, quando comparada com o resto da população.
Entre esses grupos, encontram-se as pessoas LGBTIQA+ e as pessoas Autistas sem deficiência intelectual.
Porém, se é verdade que as pessoas LGBTIQA+ estão identificadas em Portugal como grupo de risco,
Os jovens homossexuais ou bissexuais têm uma probabilidade 3 vezes maior de praticar o suicídio nalguma altura da sua vida. Esta probabilidade aumenta quando a sua família não aceita a sua orientação sexual.
as pessoas Autistas não são reconhecidas enquanto grupo de risco.
Num artigo recentemente publicado no jornal O Público, Rita Serra, Investigadora do Centro de Estudos Sociais e membro da Associação Portuguesa Voz do Autista (APVA), escreveu que
Estudos recentes revelam que o suicídio é a principal causa de morte prematura em autistas sem deficiência intelectual, apresentando um risco até sete vezes maior quando comparado com a população em geral. Estas informações encontram-se na página da Associação Voz do Autista (APVA), num dos escassos materiais traduzidos para português sobre bem-estar e prevenção de suicídio no autismo, elaborado pela Sociedade para a Investigação em Autismo da Australásia em conjunto com pessoas autistas e tendo em conta a sua experiência vivida. Cerca de metade das pessoas autistas farão pelo menos uma tentativa de suicídio durante a sua vida, e não são atualmente reconhecidas como um grupo prioritário para atividades e financiamento da prevenção de suicídio”.
Canários na mina: suicídio de pessoas autistas, O Público, 26 de Setembro de 2024
A maioria das pessoas que pensa em suicidar-se (70-90%) não procura ajuda profissional, manifestando antes a sua angústia a familiares ou amigos.
A maioria dos familiares e amigos (75%) não ajuda devido ao medo e à incerteza - a isto chama-se o Efeito do Espectador.
O Efeito do Espectador: Um efeito que ocorre no seio dos grupos, em que, se alguém precisa de ajuda, a maioria das pessoas não faz nada.
É menos provável que ajudemos alguém, se outros o puderem fazer. Pensamos:
’Alguém devia mesmo fazer alguma coisa em relação a isto.’
’Alguém devia ir ver como ele/ela está.’
50% das pessoas que morrem por suicídio não tinham qualquer doença mental diagnosticada, sofrendo sim de uma angústia associada a fatores como discriminação, bullying e/ou desesperança.
A comunidade pode ajudar na identificação precoce do risco de suicídio, estabelecendo uma ligação entre as pessoas em risco e o apoio profissional e/ou comunitário e, assim, potencialmente salvando vidas.
O que torna esta ferramenta diferente das existentes?
Gratuita
Online, pelo que não é necessário assistir a workshops longos e caros
Interação através de vários modos de comunicação: texto, vídeos, imagens
Não depende da memorização de uma formação pontual em que, muitas vezes, o que foi ensinado não fica retido na memória
Inclui informação específica acerca de populações prioritárias que registam taxas mais elevadas de suicídio e que são frequentemente esquecidas na formação geral sobre prevenção do suicídio, incluindo:
Pessoas autistas e pessoas neurodivergentes (Neurodivergente, refere-se a pessoas com uma neurologia diferente em relação ao padrão, e nas quais se incluem o autismo, PHDA , a deficiência intelectual, entre outras)
A comunidade LGBTIQA+
Teoricamente fundamentada - a ferramenta é apoiada pelo Modelo de Intervenção do Espectador que visa ultrapassar o Efeito do Espectador
Baseada em evidências - a ferramenta foi testada quanto à sua eficácia, em estudos que envolveram mais de 900 pessoas, e verificou-se que aumenta a confiança, a intenção, a prontidão e a competência do utilizador para detetar e responder ao risco de suicídio em outras pessoas
A ferramenta foi concebida em conjunto com pessoas autistas e LGBTIQA+ e as suas respetivas famílias
A ferramenta foi concebida em conjunto com pessoas com experiência vivida prévia de comportamentos suicidas, e com as suas famílias